Pandemia do coronavírus não é democrática
Ao contrário do que diz o senso comum, a pandemia do coronavírus não é democrática. Em que pese o fato de todos estarem expostos ao risco de contaminação, a forma de tratamento, a possibilidade de isolamento e outros fatores sociais não são os mesmos para ricos e para a classe trabalhadora. Esta é a constatação do médico sanitarista e ex-deputado federal, Dr. Rosinha, que participou nesta quinta-feira (19) do iDeclatra na Cultura.
“Aquele que tem melhor condição financeira pode fazer quarentena. O pobre precisa trabalhar. Não existem testes suficientes para teste no sistema público de saúde. Mas eu duvido que se o rico chegar na rede particular não tenha teste para ele”, afirmou Dr. Rosinha.
Dr. Rosinha ainda disse ter a convicção de que há subnotificação dos números no Brasil e criticou a capacidade de atendimento diante da ameaça do novo vírus. “Se formos em qualquer Unidade de Pronto Atendimento veremos pessoas aguardando uma semana por um leito em um hospital. No caso das especialidades até um ano. No Paraná o governador não fez um só concurso público para contratação de funcionários para a saúde. O número de leitos de UTI e sua distribuição geográfica não deve dar conta. Há uma falência do SUS”, disse o médico.
Segundo ele, este cenário é resultado dos cortes orçamentários no setor que crescem desde o Golpe de 2016. “A Emenda Constitucional 95, aprovada durante o governo de Temer, não permite sequer repor a inflação nos investimentos em saúde. Com isso pelo menos R$ 20 bilhões já foram retirados do setor. Os estados e municípios também retiraram recursos. Embora não tenha o cálculo exato, pelo menos R$ 10 bilhões foram retirados desde 2016”, analisou.
SUS – A geral do Instituto Declatra, Mírian Gonçalves fez uma defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vejo muita gente falando mal do SUS, mas o que as pessoas não conseguem entender é que é um programa maravilhoso, elogiado no mundo inteiro, mas o que falta é investimento”, comentou.
O médico Dr. Rosinha também elogiou o SUS como sistema. “Foi uma conquista da classe trabalhadora, dos profissionais da saúde. Antes do SUS ou você precisava de carteira de trabalho assinada para ter atendimento ou era atendido nas santas casas com o nome de indigente”, recordou.
Medidas contra a pandemia – Mírian Gonçalves também criticou as ações economicas anunciadas pelo Governo Federal. “Os R$ 200 anunciados para os trabalhadores informais não servem para nada. Na cesta básica, base do cálculo, por exemplo, não consta sabão, sabonete e pasta de dente. Não se sabe como, quando e para quem vão pagar. Hoje 24.6 milhões de pessoas estão por conta própria. Em situação de subutilização e desalento são 27.1 milhões de pessoas. Como estas pessoas vão fazer?”, questionou.
O iDeclatra na Cultura é transmitido todas as terças e quintas-feiras, ao meio-dia, na Rádio Cultura de Curitiba. Você pode acompanhar o programa ao vivo pela AM 930, pelo site, pela Fan Page do Instituto Declatra ou da própria Rádio Cultura.
Confira o programa desta quinta-feira (27) na íntegra:
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