“As mentiras dos jornais não resistem às experiências das pessoas”
O Golpe não vai durar muito tempo. Ao menos essa é a visão do jornalista e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins. Ele foi o responsável pela conferência de abertura do Seminário Resistência, realizado pelo Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) em comemoração aos 35 anos do escritório de advocacia que é o seu mantenedor. A palestra aconteceu durante a noite desta quinta-feira (30).
Para Franklin, o golpe de 2016 é fruto dos acertos das gestões nos últimos 12 anos no Brasil. Contudo, a sua consumação deve-se a falhas estratégicas que possibilitaram a derrubada de Dilma Rousseff da Presidência da República. “A ampla coalização que deu o golpe jamais se conformou com os avanços dos governos populares e democráticos. O Brasil aprendeu que poderia ser governado para todos”, sentenciou Martins.
Para uma plateia que lotou o Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (IFPR), Franklin avaliou os acertos, erros e analisou o futuro político do Brasil. “Para nossos adversários o povo é um problema. Para eles o povo brasileiro não cabe no Brasil, não cabe no orçamento e esses 12 anos de governo mostraram o contrário”, comentou.
Esse sentimento, essa percepção, segundo o jornalista fará uma tomada de consciência na comparação do Brasil nos últimos anos com o atual momento. “As mentiras dos jornais não resistem as experiências das pessoas”, completou o jornalista. Neste cenário estão a falta de serviços público, a inação social do estado, a repressão aos movimentos populares e a posição submissa do Brasil no cenário internacional. Situação que volta a se repetir após o golpe.

O jornalista e ex-ministro da secretaria de comunicação social da Presidência da República, Franklin Martins. Foto: Gibran Mendes
“A naturalização da opressão foi seriamente abalada. A injustiça mostrou-se como ela é: fruto de decisões e escolhas políticas e não como algo inevitável”, analisou o jornalista. Ele comparou a situação ao golpe de 1964. “Há uma tendência de achar que é a mesma coisa. Não é. O povo está muito diferente. Em 1964 o golpe foi contra a expectativa de mudança. As pessoas queriam as reformas de base. Mas, agora, em 2016, o golpe foi dado para esmagar experiências”, completou.
A tática utilizada para consolidar o golpe, na opinião do ex-ministro, foi a mesma tática militar utilizada por Hitler durante a II Guerra Mundial: a blitzkrieg. “Uma guerra relâmpago que buscava decidir rapidamente a batalha, com ataques rápidos e demolidores. O objetivo é desmoralizar, desnortear e quebrar a capacidade de resistência do adversário. Mas o Brasil é grande, complexo e profundo para a blitzkrieg dar certo. O inverno está chegando, as linhas de comunicação e abastecimento já não funcionam direito. Estão percebendo que agora não tem como voltar e não tem como avançar”, analisou.
Os erros – Martins também enumerou erros cometidos ao longo dos 12 anos dos governos populares e democráticos. “Vou repetir: o golpe foi dado por conta dos nossos acertos e triunfou por causa dos nossos erros”, enfatizou. Entre os problemas enfrentados estão a ausência de um debate político mais incisivo, sobretudo a partir de 2013. A ausência de uma defesa mais vigorosa da reforma política, a concentração dos veículos de mídia nas mãos de poucas famílias e insistir na agenda adversária.
Contudo, para Martins, em 2018 o objetivo é reforçar o processo democrático no Brasil que cresce a cada eleição. Se em 1930, na última eleição da revolução de 30, apenas 5% da população brasileira votou, na última eleição de Lula esse percentual passou para 56%. Um crescimento que aconteceu a cada eleição.
“Nós temos que exigir que eleições sejam democráticas e sem restrições. O povo vai organizar a confusão que eles fizeram aí. Que ele, o povo, coloque ordem na casa”, argumentou.

A advogada do escritório e diretora do Instituto Declatra, Jane Salvador de Bueno Gizzi. Foto: Gibran Mendes
Enciclopédia – Durante a abertura do seminário também foi realizado o lançamento do livro “A Enciclopédia do Golpe”. A obra, produzida pelo Instituto Declatra, reúne reúne 22 artigos, transformados em verbetes, que avaliam o papel de cada ator social na retirada de Dilma Rousseff da Presidência da República.
O historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, o sociólogo Jessé Souza, o jornalista Luís Nassif, o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, a desembargadora Magda Biavaschi e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo são alguns dos intelectuais que assinam artigos da obra.
“Nos pareceu oportuno fazer o lançamento do primeiro volume do livro chamado a enciclopédia do golpe neste cenário. Virão outros mais. É um momento de reflexão, de debate e imagino que seja possível, sairmos daqui, com algumas ideias e modelos de resistência a estes ataques que nossa democracia vem sofrendo”, comentou a advogada do escritório e diretora do Instituto Declatra, Jane Salvador de Bueno Gizzi.
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Os verbetes do livro estão disponíveis em nossa Fan Page. Confira clicando aqui.
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Seminário em Curitiba debaterá a resistência aos retrocessos sociais
O Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) promoverá nos dias 30 de novembro e 01 de dezembro o seminário “Resistência”. O evento, que acontecerá no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), receberá personalidades de renome nacional para debater o antagonismo frente aos ataques aos direitos sociais no Brasil.
O ex-ministro Franklin Martins, o diretor jurídico da CUT Nacional, Valeir Ertle e os jornalistas Marcelo Auler e Maria Inês Nassif, já confirmaram presença no evento. Martins será responsável pela conferência de abertura que acontecerá às 19h. Já os outros três palestrantes participarão da mesa “Democracia Golpeada” que será mediada pela advogada do Instituto Declatra, Jane Salvador de Bueno Gizzi.
“Não há direito social garantido. Eles sempre foram conquistados a custa de muita luta e muita resistência. É disso que trataremos no seminário. O momento é de retrocessos, mas retrocessos também representam luta e a luta representa resistência”, avalia o presidente do Instituto Declatra, Wilson Ramos Filho, o Xixo.
Livro – No dia 30 de novembro, às 19h, além da conferência de abertura com o ex-ministro Franklin Martins, também será realizado o lançamento do livro “A Enciclopédia do Golpe”. A obra reúne 22 verbetes que desnudam o papel de cada um dos atores sociais no Golpe de 2016 que culminou com a retirada de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Os verbetes são artigos assinados por grandes nomes de diversas áreas do conhecimento. Os historiadores Luiz Alberto Moniz Bandeira e Fernando Horta, o sociólogo Jessé Souza, o jornalista Luís Nassif, o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, a desembargadora Magda Biavaschi, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, os juristas Lenio Luiz Streck, Martonio Mont’Alverne Barreto Lima e Beatriz Vargas Ramos são alguns dos convidados que assinam os textos que compõem a obra.
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