Instituto Declatra lança livro em seminário sobre o assédio moral organizacional
O Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra), em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, lançou nesta quinta-feira (16) o segundo volume do livro “Assédio Moral Organizacional – As Vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”. A obra foi apresentada durante o seminário com o mesmo nome promovido por ambas as instituições e inspirou o movimento “Vidas do Itaú”, a exemplo do que aconteceu na pesquisa anterior que resultou no “Vítimas do Bradesco”.
“Vivemos uma sociedade de gestão, mas imaginamos o assédio moral sob o ponto de vista do tratamento entre indivíduos movido pela paixão humana. O empregador se exime da responsabilidade”, declarou a advogada Jane Salvador de Bueno Gizzi, do Instituto Declatra, uma das organizadoras da obra.
Ela apresentou durante o seminário a pesquisa que caracteriza o assédio moral organizacional no banco Itaú. Os dados tem origem nos desligamentos de trabalhadores da instituição financeira, além de reunir estatísticas de órgãos como o Ministério da Saúde, INSS e Justiça do Trabalho.
“A lei permite que metas sejam impostas, mas se são impossíveis, passa ao campo do abuso. Quando a gente foca na empresa, podemos mudar essa realidade. Tudo que for abuso, é passível da resistência. O trabalhador tem direitos”, afirmou Jane.
A advogada dividiu a mesa com o sociólogo Giovanni Alves que analisou este cenário como uma consequência natural do avanço do capitalismo em busca de lucros cada vez maiores. Mas este domínio está sendo ampliado para todos os setores da sociedade. “A gente não percebe o desmonte da nação, a venda de patrimônio público, da CLT, da previdência pública. O processo de desmonte das pessoas não está apenas nos locais de trabalho, onde se tem a intervenção sindical”, disparou.
Assédio atende aos interesses patronais – A psicóloga da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Liz Sobol, autora de livros que tratam do assédio moral organizacional, afirmou que é imperativo diferenciar o assédio moral interpessoal e o organizacional. “Enquanto a abordagem tratar como um aspecto social os processos produtivos como origem do assédio vão continuar. Há situações em que o assédio não é reconhecido por que não há identificação da intencionalidade. Então eu pergunto: há quem serve esse assédio?”, questionou a professora.
Liz Sobol ironizou a estrutura ao afirmar que caso fosse empresária faria campanhas tratando apenas da vítima e do agressor. “O alerta é para quem interessa esse tipo de abordagem? Pune-se o agressor, acolhe-se a vítima e a organização fica protegida, legitimada na sua forma de violência”, analisou.
A psicóloga ainda acusou os métodos de gestão de serem responsáveis pelo adoecimento no trabalho com a submissão de valores humanos e sociais a lógica econômica e financeira. “Há uma crise do coletivo. Embora existam mobilizações coletivas nos associamos apenas quando aquele coletivo representa o seu interesse individual, na medida em que me representa. Estamos mesmo falando de interesse coletivo ou da apropriação do coletivo pelo interesse individual? Isso é estratégico porque interessa que as pessoas estejam completamente disponíveis para o trabalho”, completou.
O trabalho deixa de ser uma finalidade para ser um meio de vida – O médico sanitarista da UFPR, Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque, destacou o trabalho como condição de reconhecimento de si próprio na sociedade e como este fato está sendo perdido com o avanço da busca do lucro acima de qualquer outra questão. “Diferentemente de outros animais não é somente a biologia que faz a condição humana, mas é a condição de humanidade que é construída socialmente”, comentou.
Para o médico, um ser humano isolado em uma ilha seria incapaz, por exemplo, de desenvolver a linguagem. “O trabalho humano vai se objetificação nos produtos do trabalho, nos valores de uso produzidos, naquelas coisas que são úteis. Para que cada um de nós seja um representante do gênero humano nos cabe participar desse processo, mas também é preciso participar do processo de apropriação”, alertou o professor.
Por intermédio do trabalho, também, é que as potencialidades humanas são desenvolvidas. “Nem sabemos quais são todas, mas vamos produzindo essas capacidades ao longo da história por meio do trabalho. Esse movimento de humanização é a produção e a reprodução do gênero humano.
Nesta lógica é necessário que homem identifique-se com o seu produto. “Mas hoje um trabalhador, por exemplo, da indústria automobilística passa uma peça de um robô para outro e no final do dia tem um carro pronto, mas não foi ele que ele fez, ele não se reconhece como tal no produto final do seu trabalho e ai o trabalho deixa de ser uma finalidade de vida para ser um meio. O meio de sobreviver através do salário a partir do trabalho alienado”, explicou.
Tutelas coletivas como mecanismo de defesa – A última mesa do seminário teve a participação do advogado Mauro Menezes, sócio do escritório RM & Advogados, de Brasília. Menezes tratou das tutelas coletivas e o meio ambiente de trabalho. Para ele, este é um instrumento de auxílio na defesa da classe trabalhadora, tanto do ponto de vista de reparação de prejuízos causados quanto na prevenção de eventuais problemas.
“A tutela de urgência, que convencionou-se chamar a grosso modo de liminar, é aquela decisão que se antecipa ao final do processo. O CPC preconiza que existam elementos que evidenciem o perigo de risco e dano”, comentou. Menezes explicou que as tutelas coletivas estão respaldadas por diversos mecanismos jurídicos, inclusive na própria Constituição Federal. “Não será um texto legal que trará a emancipação da classe trabalhadora, mas não podemos ignorar que parte destas conquistas são frutos da luta dos trabalhadores, especialmente na ditadura militar”, ponderou Menezes.
Para ele, quando fala-se em dano, como no caso de bancários que estão afastados do mercado de trabalho por conta de doenças crônicas, situações aflitivas, é que é necessário tratar não apenas da reparação, mas também da precaução. “O que diz a lei e a constituição é que temos que usar essas tutelas para prevenir, impedir que as pessoas cheguem a esse ponto”, finalizou.
Fonte: Instituto Declatra com informações de Paula Zarth/SEEB Curitiba
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Escritório consegue na Justiça do Trabalho que Bradesco não obrigue seus empregados a assinar documento que os prejudica
O Banco Bradesco está impedido de obrigar seus empregados a assinarem um documento que revoga políticas de recursos humanos para trabalhadores oriundos do HSBC. A decisão é da 12ª Vara do Trabalho de Curitiba após pedido de atencipação de tutela formulado pelo escritório.
A ação também demanda que em 30 dias a instituição financeira encaminhe aos sindicatos da categoria documentos que detalhem sua política de RH em comparação com as práticas do antigo empregador. Além disso, será necessário informar quais já existem e como ocorrerá a substituição das políticas anteriores.
“O juízo determinou que o banco se abstenha de requerer, impor ou solicitar ao empregado a assinatura e ciência de revogação de políticas do HSBC ou de enviar aos empregados tal documento para assinatura”, explica o advogado do escritório, Rodrigo Comar.
O escritório assessorou nesta ação a Fetec-PR e os sindicatos dos bancários de Toledo, Guarapuava, Cornélio Procópio e de Curitiba e Região. O Bradesco deverá pagar uma multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da decisão judicial. Trata-se de uma decisão liminar e ainda cabe analisar de mérito da questão.
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No Renapedts, Instituto Declatra apresenta “Vítimas do Itaú” e “Vítimas do HSBC” e participa de lançamento de livro
O Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) apresentou na tarde desta quinta-feira (29) os trabalhos que culminaram nos movimentos “Vítimas do Itaú” e “Vítimas do HSBC” no II Encontro do Renapedts, que acontece em Curitiba. O evento é uma iniciativa do coletivo que congrega grupos de pesquisas em Direito do Trabalho e da Seguridade Social de diversas universidades do País.
“Apresentamos nossas pesquisas acadêmicas que reportam dados assustadores relacionados ao adoecimento dos trabalhadores destas instituições financeiras. Há uma estreita ligação entre os métodos de gestão dos bancos e os reflexos na vida e na saúde dos bancários”, explica o advogado do escritório, Ricardo Mendonça.
De acordo com ele, o afastamento por transtornos mentais dos bancários é de 22,2% enquanto nas demais categorias a média é de 10,1%. As mulheres, segundo a pesquisa, também são mais vulneráveis ao assédio moral, sobretudo na modalidade organizacional, quando a ação ocorre pela forma como a empresa está estruturada. Neste caso, 46,4% das mulheres acusaram problemas de saúde enquanto homens foram 37,4% dos casos.
No caso do HSBC, quase metade dos bancários que reclamam danos morais mencionaram sofrimento por metas abusivas e 37% afirmaram sofrer ameaça de demissão. Todos os dados da pesquisa foram levantados a partir de investigações com documentos oficiais da Justiça do Trabalho, do INSS e de fichas fornecidas pelos próprios trabalhadores ao Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região.
Livro – Durante o II Encontro do Renapedts também foi lançado o novo livro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Regulação no Estado Constitucional (GPTREC), integrado por diversos integrantes do escritório.
A obra “Trabalho e regulação no Estado Constitucional vol. III” conta com o apoio do Instituto Declatra, foi organizada por Leonardo Wandelli e Camila Rafanhim de Borba. O livro reúne uma série de artigos, inclusive de advogados do instituto, traz temas como a “neo-escravidão: nada senão capitalismo”, “O uso eficiente da Justiça do Trabalho no planejamento empresarial” e temas relacionados ao “trabalho, igualdade e gênero”.
Renapedts – A Rede Nacional de Pesquisas e Estudo em Direitos do Trabalho e da Seguridade Social (Renapedts) é composta por diversos grupos de estudos de grandes universidades brasileiras, como a UFPR, UFRJ, USP, UFMG, entre outras.
O objetivo é estudar e escrever a história do direito do trabalho da seguridade social desde a promulgação da Constituição da República até a atualidade. A rede incentiva e integra a produção acadêmica a partir da coleta de documentação a respeito do período, “demonstrar a explicar as ameaças sofridas pela classe trabalhadora e as formas de resistência implementadas, notadamente no campo jurídico”.
Para saber mais sobre a Renapdets clique aqui.
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Desumanização e saúde do trabalhar bancário é tema de debate no Circo da Democracia
Durante a tarde desta quarta-feira (10) a programação do Circo da Democracia incluiu um debate sobre a desumanização e a saúde do trabalhador bancário. A categoria é a que mais sofre com este tipo de problemas relacionados ao trabalho. O evento, realizado no salão nobre da Universidade Federal do Paraná, destacou os métodos de gestão como mecanismos de ampliação de lucro e uma das origens que levam ao adoecimento.
A pesquisadora do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra), Gabriela Caramuru, apontou para a exploração do trabalho. “O que é exploração? A nossa jornada é dividida em duas partes. A primeira é a parte que efetivamenteefica conosco, o salário. A segunda é a mais-valia, o lucro, que só pode vir do trabalho, do desgaste do corpo dos trabalhadores. Por isso a exploração do trabalho, é a forma de acumulação. Pesquisas apontam que no caso dos sapateiros, por exemplo, a sua parte do trabalho não chega a uma hora em um jornada de sete horas. Essa é a mais-valia”, afirmou.
De acordo com ela, esse embate não dá trégua. “Por isso não existe conciliação, pois o objetivo do capitalismo é sempre empurrar para baixo esse trabalho que nós precisamos, que são os salários. Aumentam a parte que sobra da jornada, o lucro, as custas da saúde de todos.” O Instituto realiza uma série de pesquisas voltadas aos métodos de gestão e seus reflexos na saúde do trabalhador. Este trabalho resultou no movimento “Vítimas do HSBC”, um livro e estudos voltados também aos trabalhadores do banco Itaú.
O médico do Ministério Público do Trabalho, Elver Moronte, chamou a atenção para alguns fatores que estão ligados à saúde dos bancários. “O trabalho é imaterial, no caso da produção de veículos, por exemplo, você consegue ver o produto do trabalho. O bancário produz lucro baseado na transformação da mercadoria em dinheiro, uma coisa subjetiva, através de instrumentos como softwares, computadores e telefonemas. Como o trabalho precisa ser visualizado para ter sentido, essa coisa imaterial traz uma dificuldade”, avaliou.
Moronte reforçou que a saúde é resultado de uma série de fatores. Segundo ele, há uma determinação social que leva ao nosso jeito de viver, de adoecer e de morrer. “Médicos anestesistas, por exemplo, tem mais problemas com o uso de drogas lícitas ou não. Médicos costumam morrer mais cedo e trabalhadores rurais tem mais câncer”, exemplificou.
Já a secretária de saúde e de condições de trabalho do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Ana Fideli, retratou a importância das organizações levarem cada vez mais a sério a saúde em suas negociações coletivas. “Nosso trabalhadores estão muito adoecidos. São 10,6% dos trabalhadores bancários no Paraná e em Curitiba esse percentual é de 12% e quando ele adoece, sente-se sozinho. Geralmente quando é mulher, na primeira vez que nos procura, vem com seu companheiro, com seu namorado. Já na segunda vez vai com uma amiga e na terceira já vai sozinha. Quando perguntamos o que aconteceu a resposta ‘eu me separei’”, relatou Fideli.
O secretário de saúde da Fetec, federação que reúne trabalhadores bancários de todo o Paraná, Ademir Vidolin, disse que o objetivo deve ser a eliminação dos riscos e dos adicionais. “Um banco não coloca porta giratória e paga adicional de periculosidade. O ladrão entre, dá três tiros no peito do bancário, o mata, e o banqueiro fala que paga esse adicional. Nossa lógica é sair dos adicionais e trabalhar pela eliminação do risco”, concluiu.
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Movimento “Vítimas das Teles” denuncia abusos contra trabalhadores em telecomunicações
O Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) prepara o movimento “Vítimas das Teles”. O objetivo é denunciar o assédio moral organizacional e as consequências para a saúde dos trabalhadores. Este tipo de assédio é caracterizado por estar estabelecido como forma de gestão, ou seja, faz parte das práticas administrativas das empresas como forma de obter mais lucratividade.
“Há um número assustador de trabalhadores do setor de telemarketing com problemas de saúde relacionados ao assédio moral e outras consequências dos métodos de gestão. Situações ligadas as chamadas LER e DORT, além de depressão e uma série de outras consequências psicológicas. Queremos dar suporte para estes trabalhadores e mostrar que eles não estão sozinhos e que tampouco o problema são eles”, explica o advogado do Instituto Declara, Marcelo Giovani Batista Maia.
A campanha segue os mesmos moldes do movimento “Vítimas do HSBC” que denuncia abusos do banco contra trabalhadores e faz sucesso na Internet. O problema é semelhante ao dos empregados de empresas telefônicas, com resultados parecidos na saúde, mas existem certas diferenças que são adaptadas ao modelo de negócio.
Entre os abusos descritos por trabalhadores estão o controle do tempo do uso do banheiro, metas abusivas, ameaças constantes de demissão, remuneração variável com critérios que não são claros, orientações médicas são desconsideradas, atribuição de erros imaginários, humilhações públicas e monitoramento constante de ligações são apenas alguns dos exemplos.
“Tudo é feito para que o trabalhador sinta-se o problema e não o contrário. Não trata-se de um problema de relacionamento entre o chefe e o subordinado, mas sim, uma opção da empresa no seu método de gestão. Isso é o que chamamos de assédio moral organizacional”.
A campanha foi desenvolvida pela Social Ideias, a mesma que criou os movimentos “Vítimas do HSBC” e “Vítimas do Itaú”, além de outras campanhas publicitárias com apelo social e cidadão.
Confira e acompanhe o movimento pela Fan Page clicando aqui.
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Instituto Declatra finaliza pesquisa sobre os Métodos de Gestão e o Adoecimento dos Trabalhadores – Caso Itaú
O Instituto de Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) finalizou uma nova pesquisa. Trata-se da análise dos métodos de gestão e seus reflexos na saúde dos trabalhadores bancários do Itaú. A investigação, iniciada em maio do ano passado, segue os mesmos moldes da primeira análise que resultou no Movimento Vítimas do HSBC.
“Novamente encontramos nesta pesquisa, com dados científicos, a nossa impressão empírica do dia-a-dia das ações e atendimento destes trabalhadores bancários. Novamente a pesquisa comprova: os métodos de gestão dos bancos adoecem”, afirma o presidente do Instituto Declatra, Mauro Auache.
Com a pesquisa finalizada, o Instituto formalizou a entrega dos dados ao Sindicato dos Bancários de Curitiba e disponibilizará o material em seu site. Também está sendo preparada para impressão para ser distribuída para a categoria em uma agenda de eventos que precedem a negociação coletiva nacional dos bancários com a Federação Nacional dos Bancos. A pesquisa também será apresentada na Conferência Estadual dos Bancários, marcada para os dias 01, 02 e 03 de julho.
Estatísticas – Assim como aconteceu com a pesquisa dos bancários do HSBC, os dados compilados pela equipe de pesquisadores mostra uma diferença alarmante entre o adoecimento dos bancários e demais trabalhadores. “Os afastamentos por transtornos mentais entre os bancários é de 22,2% enquanto nas demais categoria este índice é de 10,1%, ou seja, mais que o dobro”, explica a pesquisadora do Instituto Declatra, Gabriela Caramuru.
O crescimento de afastamento por este tipo de problema de saúde também mostra uma grande disparidade na relação da categoria com os demais trabalhadores. Enquanto os bancários tiveram um crescimento de 65,1% nos afastamentos por problemas de transtornos mentais, os demais ficaram na faixa de 25%.
De acordo com o pesquisador Julio Gnap, a análise dos dados do INSS também mostrou que em cinco anos 36.698 bancários foram afastados por mais de 15 dias em virtude de doenças relacionadas ao trabalho. Este percentual equivale 10% do total de trabalhadores do setor bancário de todo o Brasil. “São mais de 600 bancários afastados a cada mês”, exemplifica Gnap.
A pesquisa também analisou 1.197 homologações de desligamento de trabalhadores do Itaú e 42,2% apontaram problemas de saúde. A maioria deles na agência operacional. Foram 49,3% dos trabalhadores deste setor que apontaram problemas de saúde. “Os trabalhadores deste setor são encarregados de muitas funções, inclusive braçais e normalmente ficam abaixo hierarquicamente, estando mais sujeitos aos problemas de saúde física e mental”, explica a secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Ana Fideli.
Quando se toma por base a função, caixas e assistentes são os mais afetados. Mais da metade dos trabalhadores nesta função acusaram problemas de saúde ao deixar o banco. Outra estatística que está na mesma linha da pesquisa realizada com o HSBC é a vulnerabilidade feminina. Das mulheres 46,4% acusaram problemas de saúde enquanto homens foram 37,4% dos casos.
Entre os problemas de saúde mais apontados, em primeiro lugar, o estresse com 20,1%. Na sequência problemas nos ombros, depressão e insônia com 16,9%, 13,9% e 12,4%. “Neste caso, como os problemas são apontados pelos próprios trabalhadores, há uma generalização como no caso do estresse sem uma análise médica que aponte uma doença específica”, comenta o pesquisador do Instituto Declatra Guilherme Uchimura.
No caso dos processos judiciais analisados há pedidos por danos morais em 43,4% deles. “Neste cenário, 97% relataram problemas com métodos de gestão assediosos e 30% relataram problemas de saúde”, explica Uchimura. Entre os principais riscos psicossociais identificados estão longas jornadas e ausência de convívio social, metas abusivas, precariedade nas relações internas de trabalho, falta de pausas e ameaças de demissão.
Pesquisa – A pesquisa conduzida pelo Instituto Declatra em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região envolveu uma equipe multidisciplinar que analisou dados de auxílios-doença concedidos pelo INSS entre 2007 e 2013, homologações de desligamento de trabalhadores do Itaú entre 2008 e 2013 e processos trabalhistas contra o banco realizados em Curitiba entre 2011 e 2015.
“Os resultados, em muitos casos, são semelhantes aos obtidos na pesquisa que envolveu especificamente o HSBC. Isso aponta, novamente, para que os problemas que levam ao adoecimento dos trabalhadores bancários estão concentrados nos métodos de gestão assediosos utilizados pelo banco para majorar sua lucratividade”, explica o pesquisador Guilherme Uchimura.
Os próximos passos serão a utilização destes dados para análise jurídica e também de ações políticas e sindicais por parte do sindicato. “Vamos avaliar, assim como fizemos no caso do HSBC, a possibilidade de ações judiciais como por exemplo uma tutela inibitória e de remoção do ilícito. O objetivo é que o banco se abstenha de praticar atos e políticas de gestão que possam ferir o direito de personalidade dos trabalhadores ou que levem ao seu adoecimento”, explica um dos coordenadores da pesquisa, o advogado Ricardo Mendonça.
“Esta pesquisa será extremamente útil. Ela nos mostra, de forma científica, informações que sabíamos pelo atendimento aos bancários no sindicato. Agora, com estes dados em mãos, vamos utilizá-los nas negociações patronais para exigir melhores condições de trabalho para a nossa categoria que cada vez mais adoece trabalhando”, completa a secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Ana Fideli.
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Livro que relata pesquisa sobre assédio moral será lançado em Curitiba no dia 06 de abril
No próximo dia 06 de abril o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, com o apoio do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) lança, às 19h no Espaço Cultural dos Bancários, o livro “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”. A obra é resultado de uma extensa pesquisa realizada pelo Instituto em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e que resultou no movimento “Vítimas do HSBC”.
A obra contém uma coletânea de artigos de especialistas de diversas áreas, como advogados, médicos e de outros setores relacionados ao tema. A publicação ainda reúne estatísticas organizadas durante o processo de pesquisa e que pertencem ao banco de dados de instituições como a Justiça do Trabalho, Ministério da Saúde, INSS e dados de homologações demissões de bancários.
“É um livro que contém informações cientificamente validadas, mas também é acessível para leigos. Para quem deseja entender como funciona o assédio moral, sobretudo, o organizacional, ou seja, aquele que é ocorre de forma institucional é a obra indicada”, explica o presidente do Instituto Declatra, Mauro Auache.
A forma perversa como o assédio moral reflete-se no ambiente de trabalho e na vida das pessoas está relatada nos livros. Foram dois anos dedicados à pesquisa da tese que, finalmente, converteu-se no livro que já teve lançamentos em outras capitais do Brasil, como Belo Horizonte e Porto Alegre.
Contudo, embora o livro relate especificamente a situação do Banco HSBC, o assédio moral organizacional não é uma prerrogativa exclusiva desta instituição financeira. Segundo o advogado Nasser Allan, um dos coordenadores da pesquisa e do livro, os relatos de trabalhadores em outros bancos são bem parecidos. “Mas demos ao movimento o nome de Vitimas do HSBC, pois ele é um dos grandes representantes dessa prática”, fala. Além disso, a saída do banco do país torna a pauta urgente, ao trazer insegurança aos mais de 22 mil trabalhadores.
O ASSÉDIO MATA – O abuso em dados
O estresse e a depressão são as doenças que mais atingem os bancários. As funcionárias mulheres são as que mais sofrem: dos trabalhadores que deixaram o banco acusando problemas de saúde, 62% são mulheres. Elas também representam 59% dos casos de assédio por danos morais.
Os fatos mais assustadores são sobre mortes e suicídios. Entre 2006 e 2013, foram registradas 7.074 mortes de bancários no Brasil. A principal causa de morte, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foi o infarto.
Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças.
SERVIÇO: Lançamento do livro “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”
Data: Quarta-feira, 06 de abril de 2016
Local: Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários. Rua Piquiri, 380, bairro Rebouças. Curitiba / Paraná.
Horário: A partir das 19h
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Livro que relata pesquisa sobre assédio moral será lançado em Porto Alegre no dia 18 de janeiro

Obra traz análises jurídicas, sobre a saúde dos trabalhadores e dados que resultaram no movimento “Vítimas do HSBC”
No dia 18 de janeiro, véspera do primeiro dia do Fórum Social, será lançado em Porto Alegre o livro “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”. A publicação é fruto de uma extensa pesquisa realizada em Curitiba pelo Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) e o Sindicato dos Bancários da capital paranaense.
Na obra estão presente artigos de advogados, médicos e especialistas de outras áreas que traçam uma análise sobre os métodos de gestão, o assédio moral e suas consequências na vida dos trabalhadores. O livro ainda contém estatísticas levantadas pelos pesquisadores junto à Justiça do Trabalho, Ministério da Saúde, INSS e dados de homologações demissões de bancários.
“A ideia deste livro é apresentar de forma científica a forma perversa como o assédio moral reflete-se no ambiente de trabalho e também na vida dos trabalhadores. A publicação traz números, estatísticas, análises técnicas que comprovam de forma acadêmica a tese desenvolvida ao longo dos últimos dois anos”, explica o presidente do Instituto Declatra, Mauro Auache.
O trabalho foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar por meio da coleta de dados de órgãos oficiais. A constatação é de que os métodos de gestão dos bancos estão levando seus trabalhadores ao adoecimento em virtude do assédio moral organizacional.
Desta mesma pesquisa resultou o movimento “Vítimas do HSBC” que apresenta os dados aliado a depoimentos de trabalhadores que mostram como suas vidas foram transformadas. Uma delas, por exemplo, relata a sensação de peso quando acorda para ir ao trabalho e a forma como isso afeta sua vida pessoal, com a ausência de ânimo para sair de casa, se relacionar e, por exemplo, o medo de ficar em locais públicos. Por mais que a exaustão física e mental tente convence-la a descansar, o medo das constantes ameaças de demissão que sofre quase que diariamente, a impedem de qualquer estímulo neste sentido.
Segundo o advogado Nasser Allan, um dos coordenadores da pesquisa e do livro, não se trata de um modelo exclusivo do HSBC: relatos de trabalhadores em outros bancos são bem parecidos. “Mas demos ao movimento o nome de Vitimas do HSBC, pois ele é um dos grandes representantes dessa prática”, fala. Além disso, a saída do banco do país torna a pauta urgente, ao trazer insegurança aos mais de 22 mil trabalhadores.
O ASSÉDIO MATA – O abuso em dados
O estresse e a depressão são as doenças que mais atingem os bancários. As funcionárias mulheres são as que mais sofrem: dos trabalhadores que deixaram o banco acusando problemas de saúde, 62% são mulheres. Elas também representam 59% dos casos de assédio por danos morais.
Os fatos mais assustadores são sobre mortes e suicídios. Entre 2006 e 2013, foram registradas 7.074 mortes de bancários no Brasil. A principal causa de morte, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foi o infarto.
Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças.
SERVIÇO: Lançamento do livro “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”
Data: Segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Local: Fetrafi/RS – Rua Coronel Fernando Machado, 820 – Centro Histório – Porto Alegre.
Horário: A partir das 19h
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